terça-feira, 7 de maio de 2019

BRAZIL COM Z, QUANTA SAUDADE...

Na infância de meu pai, Brazil escrevia-se assim, com Z, da mesma forma como até hoje é escrito em diversos outros idiomas; talvez seja por isso que em tantos países sejamos vistos com olhos tão curiosos quanto benevolentes.

Naquele tempo éramos uma nação que abraçava os valores mais nobres em sua formação de sociedade, que despontava com pioneirismo na implantação de sistemas de saneamento, iluminação urbana, malha férrea de transporte, pesquisa científica e intercâmbio cultural com o melhor do mundo acadêmico.

De repente, os Estados Unidos do Brazil tornaram-se Estados Unidos do Brasil e, mais tarde, em mais uma nova república, Ernesto Geisel resolveu que seríamos a República Federativa do Brasil, talvez influenciado por suas raízes germânicas.

De Brazil até Brasil, as perdas foram se acumulando por todos os lados. Olhando para trás, percebemos o abismo que se abriu entre aquele promissor país - com "Z" - de Pedro II, Barão de Mauá, Rui Barbosa, Santos Dumont, Adolpho Lutz e outras mentes luminosas e este Brasil mais recente de nomes que não merecem sequer uma breve citação, mas cuja herança perversa se faz onipresente em cada detalhe de nossa agonizante sociedade.

Assim, por vezes em doses homeopáticas e por outras em mirabolantes planos "geniais" que rotineiramente dão em água, foram sendo destruídas as bases da educação, a economia, os valores morais da sociedade, o conceito de cidadania e cada um dos pilares que permitem edificar um país decente.

Foi por esses (des)caminhos que um câncer chamado Paulo Freire tornou-se inquestionável e desmontou a educação de base, que a economia fechou-se de tal maneira que nos condenou a mais de cinquenta anos de atraso frente ao mundo civilizado, que nossa juventude passou a ser conhecida por "nem-nem" (nem trabalha, nem estuda, nem se preocupa com isso), que o crime banalizou-se e ocupou o espaço que deveria ser do Estado e, no saldo perverso deste conjunto tão anacrônico quanto estúpido, o caos permeia o tecido social urbano de norte a sul do país.

O resultado se escancara nos índices africanos que refletem várias tragédias, desde a sanitária que revela menos de 50% dos domicílios brasileiros dotados de abastecimento de água e coleta de esgoto, e esses números são ainda mais devastadores quando demonstram que pouco mais de 30% têm agregado o tratamento do esgoto, passando pela tragédia da saúde pública, pelo gigantesco descompasso nas áreas de P&D e capacidade industrial, terminando por coroar esse quadro de nuances turvas com a tragédia moral patrocinada pela adoção plena do decálogo de Gramsci que vem condenando gerações da mesma forma que o socialismo/comunismo das versões de Marx, Lênin e outros ceifou milhões ao longo da história da humanidade.

Tomara que nesse tempo das liberdades indomáveis que ora subvertem o sistema e fazem, através da revolução das mídias sociais, o desmonte daquele status quo sustentado pelas grandes redes de comunicação, tenha início uma nova era em que são resgatados os valores morais desconstruídos ao longo de décadas e, com o novo governo pautando suas metas no pensamento liberal, conservador, fiel aos conceitos da meritocracia e da transparência, torne possível voltar a vislumbrar e construir o futuro que nos prometia aquele Brazil com Z...

Um comentário:

  1. Brilhante resumo! Há muito se foram as justificativas para o fracasso das repúblicas, a velha, a nova e a não-sei-o-que-mais, depois do dia em que o Brasil foi dormir monarquia e acordou "república". A letra cretina do Hino da República, que seria o pretenso novo Hino Nacional – "Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós" – contemporânea à implantação da censura, antes inexistente, deu o tom da hipocrisia que, auxiliada pelo contínuo assassinato da memória histórica, acabou por encontrar sua glorificação com a implantação dessa tragédia gramsciana. De 1942 para cá, vieram mais não sei quantas reformas ortográficas para erradicar de vez nos brasileiros a memória histórica que nos faz brasileiros; vieram as leis contraditórias, a burocracia infame, a desigualdade imoral que joga o brasileiro trabalhador no fosso dos párias, enquanto apaniguados inconsequentes merecem a proteção de um estado paquidérmico, inepto e burro; vieram os privilégios, o balcão de negócios, a falta de responsabilidade e as mentiras como forma de comunicação persistente. Um dia, isso teria que explodir. Explodiu. Melhor ainda, explodiu mostrando que o brasileiro, esse oculto sob o S demagógico, nada tem a ver com a ideologia escravizante, cinzenta e fracassada (em toda parte!), nada tem de imbecil ou de vaca de presépio! Vai dar certo, sim. Até porque a outra alternativa, o abismo, nada tem de braZileira! Parabéns pelo comentário, meu irmão!

    ResponderExcluir