Em 6 de março passado o capítulo 2 desta trilogia foi aqui publicado após longo silêncio já explicado e justificado.
De lá até hoje, mais de seis milhões de brasileiros voltaram às ruas - você estava lá? - naquele 13 de março que se avizinhava e agora sabem o quanto foi importante essa presença maciça da população para começar a mover o leme do país e recomeçar nossa história sob novas idéias, mais alinhadas com a decência, a meritocracia, a transparência, o respeito à propriedade e aos demais valores mais caros àquelas democracias verdadeiras e desenvolvidas que servem de modêlo aos não cooptados e lúcidos que sustentam esse Brasil.
Permanecêssemos todos no confôrto de nossas poltronas e nada teria ocorrido, pois políticos só são capazes de ouvir o grito das ruas quando é incontestável e sonoro o suficiente para fazê-los temer por seu próprio futuro.
Enquanto escrevo esta última parte, ainda me regozijo com as imagens da rua na madrugada de domingo 17 para segunda-feira 18 de março, quando uma grande explosão de alívio, uma sensação de esperança, pareceu inundar os mais de 80% da população brasileira que cansou do esbulho petista e dos seus tantos puxadinhos partidos e pseudos movimentos sociais movidos a mortadelas e pixulecos.
Mesmo consciente de que apenas o primeiro passo foi dado e de que há muitos quilômetros a atravessar, é bom perceber que o povo brasileiro começa a pensar e desejar livrar-se das tutelas que lhe são impostas; é maravilhoso ver famílias inteiras fazendo valer seu direito de exigir de seus representantes atitudes que reflitam seu ideal de país e de futuro.
Mesmo sabendo que o assunto do dia ainda é o impeachment e seu imediato desdobramento, as palavras do Sr. Marcio Augusto Costa traduzem com enorme exatidão o que sinto diante de muitos daqueles que insistem em negar evidências ou rever conceitos não sei se por antolhos ideológicos, vergonha de admitir equívocos de avaliação ou, quem sabe, por não admitir perder suas boquinhas...
Foram tantos os arroubos de fantasia, tantos os argumentos descabidos e desprovidos de conexão com a realidade que andei vendo nas redes sociais e escutando aqui e acolá que, embora jamais tenha vivido as experiências políticas descritas pelo Sr. Marcio ou mesmo compartilhado de suas idéias de então, me pareceu conveniente reproduzir seu desabafo por entendê-lo bastante adequado para sensibilizar os herméticos e os relutantes fazendo-os acordar deste torpor em que se encontram.
Disse o Sr. Marcio Augusto Costa:
" Eu fui PT
Empunhei bandeira, colei adesivos.
Fiz campanha, fui a comícios, usei broches que eu mesmo comprei.
Sei de cor o jingles das campanhas de Lula.
Me irritei com as seguidas derrotas.
Gritei fora Collor!, fora FHC! e até fora Globo!
Chamei o plano real de golpe.
Falei que o “bolsa escola” era forma do governo comprar voto dos mais pobres.
Eu fui PT por que tinha que ser
Eu sou trabalhador e não democrata, nem liberal, nem comunista.
Então o partido do Trabalhador era o lugar do cara que teve que trabalhar pra pagar a faculdade e sabia que teria que continuar trabalhando duro pra comprar sua casa, pra pagar seu carro, pagar suas viagens.
Eu fui PT por ideologia e não fisiologia
Não ganhei um centavo, não viajei de graça, não estudei de graça e nem acho graça nas coisas de graça.
Eu nunca achei golpe o pedido de impeachment de Collor, nem os diversos pedidos manejados contra Itamar ou FHC.
A constituição atribuiu a representantes eleitos pelo povo a função de processar e julgar o presidente e eu acho isso extremamente democrático.
Eu fui PT
No ano de 2002 enviei cartões de Natal aos meus queridos amigos com a frase:
“A Esperança venceu o medo!”
Eu estava trabalhando na madrugada daquele Natal!
Eu fui PT
Se as redes sociais existissem naquela época, eu compartilharia textos não de Jean Wyllys, ou Jandira, por que eu li Hélio Bicudo, Christovam Buarque, Fernando Gabeira... eles não são mais PT.
Fui PT até quando deu pra ser
Até o dia que o “T” de trabalhador foi substituído pelo “T” de trapaça, de trambique.
Por que não, de Traição.
O partido dos trabalhadores se agarrou ao poder e abraçou Renan, Sarney, Collor e até o Maluf. Criou fantasias e contou mentiras, soltou a mão de pessoas honestas e sérias... e foi aí que deixei de ser PT.
Eu deixei de ser PT e me surpreendo com você
Que contesta o fato de Cunha ser o condutor do impeachment, mas jamais contesta o fato de ele ser um dos elos da aliança entre o governo e o PMDB.
Eu deixei de ser PT e me decepciono com você
Que acusa Temer de ser golpista e bandido, mas jamais contest o fato de ele ser, desde o primeiro mandato o vice-presidente escolhido por Dilma.
Eu deixei de ser PT e me assusto com você
Que ao ouvir uma gravação não comenta o conteúdo, simplesmente afirma que escuta foi ilegal.
Que diante de uma delação pautada em provas limita-se a falar em vazamento seletivo; que frente às evidências de fraude, corrupção e tantos crimes, ataca a imprensa, a polícia e o Juiz.
Eu deixei de ser PT e me envergonho de você
Que aplaude políticos processados, julgados e condenados que entram de punho erguidos na cadeia como se fossem vencedores e não ladrões.
Que afirma que o mensalão não existiu, que não há escândalo da Petrobras, que não é dono do sítio, nem do apartamento.... Que nunca soube de nada.
Que afirma que não há crime em uma prática absolutamente ilícita só por que ela já foi feita por outros.
Eu deixei de ser PT e me incomodo com você
Que vai às manifestações da CUT cheias de balões, camisetas vermelhas e enormes palcos, tendas e militantes pagos, tudo custeado com dinheiro obrigatoriamente sacado dos salários de trabalhadores todos os anos com o nome de imposto sindical.
Eu deixei de ser PT e não entendo você
Que fala em defesa da democracia e afirma que pode ser golpe uma decisão de um congresso eleito pelo povo.
Que fala em voto livre, mas aceita a compra de parlamentares com cargos e dinheiro.
Eu deixei de ser partido e continuo trabalhador... e você? "
A você que ficou em sua casa ou incomodou-se com as palavras acima, fica o convite à reflexão, a sugestão de reler os dois capítulos anteriores procurando sublimar os pontos mais contundentes de minhas avaliações e concentrar-se exclusivamente nos fatos que sublinham a realidade virtual de suas crenças ideológicas ou das fantasias que lhe distanciam do mundo real para tentar perceber o quanto essa "realidade" tem custado em qualidade de vida nos últimos anos.
Talvez você acorde...
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