Em Agosto de 2015 o primeiro capítulo da semente do caos foi aqui publicado. Depois, um longo silêncio se fez nesta página e, acreditem, foi totalmente intencional.
Havia muitas razões para calar nossa pequena tribuna, mas aquela que nos fez mudos foi a constatação da monumental tibieza política, cívica e republicana do brasileiro medíocre - é importante lembrar que medíocre, ao contrário do que tantos imaginam, significa mediano, comum - que preferiu o confôrto de sua poltrona às ruas onde os protestos da sociedade organizada clamavam por sua maciça presença.
Foram quase sete meses de afastamento, período em que refletimos à exaustão sobre o propósito de prosseguir emprestando a pena às idéias, sobre a valia de fazer das palavras um grito de alerta quando aquêles que deveriam ouví-lo sequer escutam seu próprio desassossêgo diante de uma país que se esfarela à frente dos seus próprios olhos.
O pior dos cegos é aquele que se recusa a ver. Até hoje nos surpreendem as pessoas - algumas com razoável bagagem cultural - que se recusam a aceitar as lições dos fatos históricos e permanecem hipnotizadas diante das mais inverossímeis falácias e com isso carregam outras, alienadas e imersas em sua sólida ignorância (lembrem-se, ignorantes são todos os que ignoram, ou seja, qualquer um de nós no limite de nosso conhecimento) para viajar na utopia das teorias comunistas que se disfarçam sob o nome de socialismo enquanto pregam lutar pela democracia. Qualquer 10% de bom-senso leva a perceber a inconsistência do discurso, mas pensar, nessa classe de cérebros desconectados da realidade que os consume, parece doer de forma lancinante...
Vocês se lembram do teor do primeiro capítulo? Talvez valha uma passada de olhos por lá, só para acompanhar melhor o que está por vir.
Você foi às ruas naquele dia 16 de agosto ou foi um dos que esquentaram o sofá?
Pois é... De lá para cá o volume de águas passando debaixo da ponte cresceu, o líder fajuto das minorias desassistidas foi levado pela Polícia Federal para se explicar depois de calar-se, fugir de todo e qualquer confronto com a realidade que nos salta aos olhos e tentar vitimizar-se como sempre o faz quando não pode exercer sua imensa soberba.
Praticamente todos os seus pares de trajetória política, toda sua quadrilha, já se encontra atrás das grades, negociando delação para minimizar a cana ou apavorado com a sombra, com quem lhe bate à porta ou sonhando com o japonês da Federal... O interessante é ver alguns ainda tentando convencer outros ou a si mesmo, de que tudo é golpe das elites, esquecendo-se de atinar para os vinhos caros, os charutos, os jatinhos, o scotch 30 anos, as palestras invisíveis de milhões, a riqueza ostensiva dos amigos da quadrilha e dos familiares e tantos outros sinais.
Enquanto isso, discutem enfiar-nos goela abaixo mais impostos - como se não bastassem os que nos tomam quase meio ano para pagar - e uma indecente volta da CPMF...
Enquanto isso, discute-se impeachment e/ou cassação de chapa pelo TSE, mas nossas alternativas, qualquer que seja o caminho percorrido, são tenebrosas...
Enquanto isso, apenas 42% dos domicílios brasileiros têm água e esgoto canalizados - e apenas 28% desse esgoto tratado antes de sua devolução ao meio ambiente - e índices criminosos de saúde pública sem que se ouça uma voz política a defender mudanças nessa tragédia que o mundo solucionou no século 18.
Enquanto isso, você sente no bolso a volta do dragão da inflação, apavora-se com o fechamento de postos de trabalho e a perda do futuro, mas vê a corja instalada no poder receber o triplo de verba partidária com o financiamento público de campanhas auto-aprovado sem nenhum pudor como moeda de troca nos bordéis camerais. O cinismo é vulgar, escorchante.
Desastres ambientais quase bíblicos, escândalos intermináveis e cada vez mais substanciais em volume de verbas desviadas - e isso porque ainda não bateram à porta do BNDES - e uma acelerada desconstrução da imagem do país frente às agências de avaliação de risco, somam-se às dificuldades crescentes para conseguir enxergar um futuro possível de reverter um quadro mais que perverso para nossos filhos.
Ruas sem segurança, um estado abusivo que insiste em nos tutelar a vida, mas recusa-se a enxergar sua inépcia, sua incapacidade de dedicar-se àquilo que deveria ser sua razão precípua, sua eterna e descomunal vocação para o absurdo em detrimento do básico das sociedades estáveis e desenvolvidas que nos deveriam servir de exemplo, um crescente déficit habitacional que apenas reflete a imutável leniência das autoridades constituídas e essa arrogante vocação para o autoritarismo que reveste nossos governantes.
Tudo em constante movimento de acumulação que mais e mais nos afasta de um amanhã melhor e o brasileiro continua em casa; continua a reclamar nos bares, nas praias e nas conversas de esquina, mas abstem-se de assumir sua posição de cidadão, recusa-se a empossar-se como o verdadeiro poder que deveria reger a nação e exigir tudo o que lhe é de direito e vem sendo negado desde sempre.
É assim, de pequeno desvio em pequeno delito, de omissão e de ausência diante dos descalabros, diante dos descasos, diante das afrontas e das ignonímias continuamente perpretadas por poderes contaminados de uma ideologia pútrida, anacrônica e comprovadamente suicida para a sociedade, que a nação sucumbe apesar das evidências que deveriam nortear uma reação coletiva sem precedentes e à altura do caos que a destrói, mas que inexplicavelmente insiste em inexistir...
Dia 13 de março se aproxima.
Saia do sofá! Vá para as ruas de sua cidade, de seu município, de seu vilarejo!
Saia do silêncio! Saia da inércia que lhe engessa a mente e reaja!
Junte-se àqueles que não mais desejam a tutela podre desse estado corrupto! Faça a sua parte e pinte de volta nossas cores na bandeira brasileira antes que a transformem definitivamente em vermelha, porque será o seu sangue a tinta utilizada por eles.
ACORDA BRASIL, ANTES QUE SEJA TARDE!
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