quarta-feira, 14 de agosto de 2024

MAIS DO MESMO?

 Mais uma vez aproximam-se novas eleições, desta feita em âmbito regional e, apesar de manter-me silente por longos anos muito por conta de meu ceticismo quanto à eficácia do sistema eleitoral de nosso país, o estado calamitoso em que nos encontramos e que nos afunda cada vez mais em um pântano político, social, moral e econômico levou-me a, uma vez mais, deitar a pena no papel e externar minha visão do cenário atual em nossa cidade.

Maricá é uma cidade que desde sempre respira política ativamente, é parte da vida do maricaense e quem aqui se estabelece, seja residencial ou comercialmente, acaba incorporando tal espírito e abraçando essa catarse coletiva. 

Dito isto, é preciso sublinhar alguns pontos antes de entrar nos temas específicos que nos remetem ao título desta postagem. O primeiro é o fato de que, a despeito de sua inequívoca vocação para exercer  protagonismo na indústria do Turismo, a cidade segue pendurada nos cabides da administração pública e tem na Prefeitura seu maior ente empregador, o que acaba engessando a economia. Por outro lado, tal distorção funcional gera vícios comportamentais que se revelam nos pleitos regionais e desaparecem nos majoritários, quando aquelas candidaturas alinhadas com a corrente dominante local acabam sendo impiedosamente surradas nas urnas. Assim, o que aparenta ser uma contradição é, na verdade, a afirmação de que aquêle vício revela a natureza umbilical do voto maricaense que, longe de ser um vetor local, apenas confirma uma tendência característica das cidades menores no país, em que o eleitor tem suas convicções, mas as suas necessidades imediatas no ambiente em que se encontra acabam levando-o a sublevar razão e consciência para privilegiar carências, objetivos e propósitos pessoais ou familiares.

Alguém que venha a Maricá sem conhecê-la previamente pode até se encantar com o que vê ao redor das principais vias; há cuidado com a maquiagem no município: são faixas bem pintadas no asfalto, muitas luzes, praças por todo lado, "olhos de gato" sinalizando as rodovias, semáforos novos, etc., mas quem olhar com mais profundidade verá também que nada de estrutural foi de fato realizado, salvo o que serve ao lúdico "pão e circo" que inebria, aliena, amordaça e cega.

Maricá é uma festa, sempre há eventos maximizados, apesar de pouco relevantes, apoiados regiamente pelos órgãos municipais.

Pobre cidade milionária... 

Mais de década recebendo as generosas receitas advindas dos royalties do petróleo, mas sem que vejamos as mudanças que seriam mais que naturais de ocorrer com tamanha fartura. Muita iniciativa de propaganda, muito barulho; muita alegoria e pouca evolução, como diria um velho sambista...

Há pouco tempo vimos o alcaide aplaudir com orgulho sua criação do "Fundo Soberano". É boa a idéia, relevante. O que não é digno de qualquer comemoração é o total ali acumulado, mormente quando se sabe que, considerando-se um período de 10 anos com uma média acanhada de 2 bilhões/ano, em lugar de algo por volta de 1 bilhão - que é mais que ridículo - o Fundo poderia e deveria apresentar-se multiplicado por 10, pelo menos, visto que mazelas antigas seguem presentes e outras mais recentes têm surgido.

Diante disso e tendo em perspectiva a convulsão social que o país presencia, fruto de um quadro de insegurança jurídica pela atuação de uma suprema corte (sim, com minúsculas mesmo) eivada de inconstitucionalidades, devaneios e desmandos, somado a um (des)govêrno inepto, corrupto, perdulário e irresponsável que se formou à luz de condenados e apaniguados tão deslumbrados quanto desprovidos de qualquer qualificação para as posições que vieram a ocupar e, ainda, um cenário econômico falimentar, é de se esperar que tenha chegado a hora de o maricaense transferir para as urnas regionais a mesma indignação que tem demonstrado nas eleições majoritárias.

Chega de olhar para o próprio umbigo! 

Basta de pensar no imediato sem conseqüência! 

É tempo de assumir as rédeas de seu amanhã, de garantir a filhos e netos - se não a si mesmo - um futuro promissor, não uma imoral dependência que os mantém miseráveis social e economicamente.

É hora de varrer essa quadrilha vermelha de uma vez por todas de Maricá e de começar a plantar sementes de prosperidade, de real crescimento, para que possamos ao menos sonhar com o tempo da colheita que virá a seguir.

ACORDA MARICÁ!  

3 comentários:

  1. Excelente análise da política em Maricá-RJ.
    Pura realidade.

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  2. Excelente análise da conjuntura política em Maricá-RJ

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    1. Cesar, meu longo silêncio aqui está muito longe de significar que eu estivesse ou esteja alheio ao que acontece em nossa cidade, pelo contrário, apenas revela o quanto me vi cético em relação às possibilidades de reversão do quadro que há tantos anos corrói o município e carrega cada membro dessa quadrilha petista como se fôssemos um generoso caixa 2 invisível às custas do nosso bem-estar social e progresso. A volta do Claudio ao cenário político da cidade, ainda que revestida da audácia idílica de um impensável Don Quixote, provoca e instiga em mim o desejo de trazer a público o que penso e de, quem sabe, abrir um espaço sério de análises e debates, até mesmo considerando a criação de um podcast para reverberar as idéias e projetos de nosso candidato.

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