Há algum tempo afirmei que o Brasil enfrenta, em pleno século XXI, uma tragédia sanitária de proporções bíblicas que o mundo resolveu no século XIV. Trata-se de um assunto sério, seríssimo, mas assim mesmo passaremos muitos dias, meses talvez, assistindo e lendo intermináveis debates sobre a tragédia do Mineirão.
Questão de momento, de interesse coletivo, dirão alguns; questão de cultura, atemporal, direi. Reflexo deprimente de uma sociedade cujos valores alcançaram tal estágio de deterioração que a morte tornou-se banal, mas uma derrota esportiva comove e deprime o país inteiro...
Claro que o futebol é uma paixão nacional e não somente aqui, trata-se de fenômeno mundial no âmbito esportivo. No âmbito esportivo! Há vida real, questões de superior relevância nos mais distintos aspectos da vida real que requerem muito maior atenção, muito mais esforço, infinitamente mais recursos e cuidados que um mero jogo.
Ah! Que ilusão a minha! Um país em que o viés político permeia tudo e em qualquer esfera; uma sociedade sufocada, manietada, quase que condenada ao ontem pela teia ideológica da estupidez coletiva programada, torna-se doente terminal. Pela pior miopia, por uma viral incapacidade de percepção do ambiente que lhe cerca e de tudo o que lhe é negado, o povo brasileiro segue seu martírio qual o gado nos currais do abatedouro: bovinamente pacífico.
Iludido desde sempre por pequenas migalhas, confortando-se com o sonho do amanhã prometido que jamais é alcançado, o brasileiro cresce cada vez mais iletrado, cada dia mais alienado e nem se dá conta do quanto seu futuro lhe é roubado.
Sem grande convicção reclama da saúde, muito mais pela fila de espera no sistema público ou pelas limitações impostas pelos planos privados que pelas razões estruturais que lhe impõem o calvário, mas não se faz ouvir e não exige serviços à altura do que lhe é cobrado em impostos. Não percebe o quanto a saúde é essencialmente uma questão sanitária e que fora deste foco tudo é paliativo, tudo vai ao efeito desprezando a causa.
Hipnotizadas por uma mídia majoritariamente chapa branca graças às propagandas oficiais que representam a maior verba publicitária do país, as classes C e D e pequenas parcelas cooptadas de A e B aplaudem e referendam uma colcha política corrupta, viciada, sem projetos outros que não os de enriquecimento pessoal; aqueles primeiros por conta de sua ignorância, de seu desconhecimento bruto quase atávico, enquanto estes mais favorecidos pelas fortunas da vida o fazem por oportunismo e vantagens, mas uns pelos outros fazendo perpetuar-se um tecido político podre, uma ideologia tão anacrônica e tão fracassada historicamente quanto incompetente na gestão das coisas públicas.
Sanitarismo/Saúde, Educação, Infraestrutura e Segurança. Em cada um dos pontos essenciais que respondem pelo desenvolvimento de uma nação e garantem um verdadeiro estado de bem estar social e perspectivas justas de crescimento individual para todos, surge cristalizada a certeza da perda total.
Na infame sopa de letras que costura essa maldita ditadura da esquerda brasileira - essa geléia vermelha tão ímpar, tão única, que nos faz um incompreensível país onde comunistas e socialistas com um extenso passado vinculado a ações criminosas e operações de guerrilha são reverenciados como defensores da democracia - tudo o que emerge e salta aos olhos é a realidade PT, é esse quadro da mais absoluta derrota.
Os caminhos da existência são misteriosos, são desconhecidos. Talvez isso explique a ruptura do único amálgama do povo brasileiro como um caminho, o mais doído, mas também aquele capaz de fazê-lo enxergar que não há nada, não há rigorosamente nada mais que nos permita ser brasileiros com muito orgulho, com muito amor.
É preciso rasgar por completo essa cartilha, mudar a essência, exigir direitos, expurgar tantos erros recorrentes, rejeitar as esmolas e os sonhos para, enfim, escolher o caminho do trabalho, do mérito, do esforço individual e coletivo e dos exemplos comprovadamente vitoriosos, porque no Brasil que aí está...
Deu PT mesmo! Deu perda total!
Brilhante, Helio, meu irmão, eu gostaria de ter escrito isto! São comentários como o seu que fazem com que acreditemos que ainda há vida inteligente neste país.
ResponderExcluirAbração!
JG