segunda-feira, 18 de agosto de 2014

TEORIAS CONSPIRATÓRIAS OU VERDADE INCÔMODA?

Muitos anos vividos no ambiente da aviação permitem enxergar certas discrepâncias nos relatos desse "acidente" que mudou o cenário político nacional. Aliás, pelo que foi possível saber, mudaria ainda mais profundamente caso estivesse a bordo aquela que, à última hora, desistiu de embarcar... Teria sido algum resquício dos tempos, digamos, mais vermelhos que sopraram-lhe idéias ou tudo não passou de fortuna coincidente? 

Claro que surgirão as mais incríveis teorias, haverá fumaça por todo lado e, também, doses maciças de fatos mal explicados ou nem isso. De qualquer maneira, uma coisa é certa: poucos saberão o que realmente ocorreu e esses nada dirão por décadas. Afinal o que se pode esperar de um país que até hoje não conseguiu saber o que passou com um atleta na França, nem mesmo pelo próprio? Os corredores do poder e as paredes palacianas desde sempre fazem sepultas as verdades incômodas, tanto quanto são berçário de teorias conspiratórias, muitas delas tornadas ações à luz do dia e sob os auspícios da lei; aí estão os mensaleiros libertos e sorridentes em sua rápida mudança de regime tão logo foi eliminada a resistência solitária de um raro Quixote. 

Uma caixa-preta sem gravação! Mais estranho ainda, encontrada em tempo recorde depois que um avião explode antes de cair, mas de tal forma que nada sobra, nem mesmo arcadas dentárias. Por alguma razão imagens de outras tragédias políticas obscuras vêm à mente... Celso Daniel, por exemplo. Talvez seja mero acaso, mas as digitais de uma certa estrela aloprada parecem surgir de novo e malfeitas... 

Uma pergunta paira no ar - ao contrário da aeronave que deveria ali sustentar-se - e incomoda o raciocínio político: uma radical traída ontem, hoje tomada de fervor religioso e ecológico, sentirá um certo temor pelo amanhã ou apenas terá a certeza de boa colheita com os amigos de sempre? Se de fato distante de suas raízes e até por tão bem conhecê-las, o normal seria que recuasse. Se verdadeiramente aspirar a derrota daqueles que deixou para trás, sua missão seria tornar una a força de oposição, nunca seguir dividindo-a. A questão é conhecer propósitos neste cenário político torto onde quase todos se afirmam à esquerda e o pensamento liberal é rotulado de fascista. A questão ainda maior é saber o que deseja essa herdeira em cujo DNA seguem ainda indeléveis as marcas petistas agora agravadas por sua eco cruzada e seu palavrório incompreensível. O que esperar de quem apóia o infame Decreto 8.243? Ou de quem defende usinas a fio d'água em detrimento das mais eficientes que dispensam a boa vontade de São Pedro? Com pouca margem de erros, a sensação é de que aí só existirá mais do mesmo e nem a cor será diferente na bandeira ideológica... 

Há espaço para um movimento que reconduza o país ao viés democrático que permitiu os poucos avanços institucionais que vemos esfarelar-se nessa aventura petista; há, ainda, vestígios de lucidez e de algumas luzes republicanas na herança genética do outro neto que poderiam acolher o mais tímido sinal, a mais leve brisa de esperança que trouxesse a moralidade de volta à ordem do dia. Imaginar o Brasil abraçado aos devaneios cubano-bolivarianos da malta vermelha é vislumbrar a certeza da falência absoluta de valores e ver triunfar a mentira, o atraso, a tutela anacrônica do totalitarismo, a metodologia da ignorância como ferramenta de controle, a esmola como benesse, o caos pintado de paraíso. 

Enquanto a sociedade da excessão, esse contingente espremido da classe média real que se mantém às margens da riqueza, mas a sustenta e financia à custa de seu trabalho diário, mantiver seu estupor conformista e permanecer calada diante da rapina despudorada desses que crêem poder "fazer o diabo" sem enfrentar resistência, nada mudará. 

O passado já registrou mudanças no comportamento coletivo. A história recente mostra o quanto é forte a voz das ruas quando ocupadas por quem pensa sem as amarras da propaganda, por quem sente no bolso o preço da fantasia que lhe é vendida e vê seu futuro cada dia mais distante, cada dia mais irreal. Mais do que nunca é hora de reagir e retomar as rédeas da vida, exigir o que deveria ser dado pelos impostos pagos, poder sair sem temer pela vida nas cidades já sitiadas há muito pelo crime impune que se espelha na indecência palaciana. É hora de mudar os rumos desse país abençoado antes que seja tarde demais e o amanhã já não exista com liberdade. 

terça-feira, 5 de agosto de 2014

FALTA VISÃO...PODIA E DEVIA ESTAR MUITO MELHOR

Cada vez mais me surpreende a falta de visão dos homens públicos em nosso país. Digo isto não apenas por benevolência, afinal poderia tranquilamente dizer que lhes falta mesmo caráter, mas porque entendo que até àqueles de moral duvidosa é possível agir com uma relativa visão do amanhã, nem que seja para usufruir de dividendos políticos.
 
Certa feita desabafei nas linhas deste blog que cidades têm vida e características próprias e tendem a crescer ou estagnar conforme sua sociedade se organize em torno de visões e vocações.
 
Minha volta ao tema se dá quando percebo em nosso município um certo quê de regozijo de alguns diante de um flagrante mau uso de recursos que um olhar distraído ou pouco lúcido pode entender como iniciativa positiva, progresso e até mesmo boa governança.
 
Maricá assiste, nos últimos meses, a uma sanha desenfreada de capeamento asfáltico de suas vias internas, a maior parte delas operada e financiada pelo Governo do Estado e capitalizada pela prefeitura como mérito próprio. É inegável o conforto de poder chegar em nossas casas sem o sofrimento dos buracos e poeira das vias de terra batida, mas da mesma forma não se pode deixar de perceber tanto a tibieza no preparo dessas vias para receber o asfalto quanto a má escolha do revestimento em um município totalmente carente de infraestrutura para captação e escoamento de águas pluviais. Só para citar um exemplo simples, na Barra de Maricá apenas no entorno da pracinha de Zacharias, ali entre as Ruas 1 e 2, há a instalação de uma tubulação, totalmente subdimensionada, diga-se. De resto, como já aconteceu em outras áreas, todas as treze ruas vêm sendo capeadas sem qualquer preocupação com o período de chuvas que se aproxima. Imagino que os residentes na parte baixa da região já devem estar preocupados com a inundação de seus terrenos.
 
Ah! Dirão alguns. Asfalto é progresso! Não necessariamente. O calçamento dessas vias internas com paralelepípedos ou blocos cimentícios inter travados possibilitaria igual conforto e ainda permitiria a rápida absorção da água, renovando o lençol freático e contribuindo para o meio-ambiente.
 
Engraçado perceber como as pessoas confundem as coisas e querem crer que calçar suas ruas seja sinal de atraso, quando metrópoles espetaculares como Paris mantém imensas avenidas e grande parte de suas ruas internas com esse revestimento há séculos. Não por acaso inexistem notícias de alagamentos e outras calamidades por ali...
 
A questão é, na verdade, outra; calçamento requer cuidado, esmero, na colocação e toma mais tempo. Não se torna uma ferramenta política às vésperas de eleições, não exige grandes intervenções recorrentes, não "faz vista" para o alcaide preguiçoso... Pena que enquanto um permanece por séculos, o outro deteriora-se após as primeiras chuvas, mas quem sabe se não é este o propósito?
 
O tema pode evoluir por diversos outros aspectos visíveis em Maricá, desde o viaduto mal traçado que exigiu semanas de trabalho de escavadeiras para fazer a água passar-lhe por baixo e poder assim ser alcunhado de ponte quando de sua ruidosa inauguração, até as impensadas alterações no trânsito do Centro responsáveis pelo advento dos engarrafamentos, sem contar as inúmeras proibições de parqueamento que se conjugam com os estacionamentos privados dos amigos da corte. Assim, por falta absoluta de planejamento urbano, fiscalização e cuidado estético, a cidade "incha" demograficamente sem que de fato "cresça" e se fortaleça como destino de qualidade.
 
Os royalties do petróleo transformaram Maricá em cidade com muito recurso, mas seu uso, à parte a formação de um fabuloso butim petista sem fiscalização graças a uma Câmara de apaniguados e cooptados, tem sido desastroso para nosso futuro.
 
No apagar das luzes da última legislatura municipal, aquele que foi seguramente a grande exceção política da cidade por sua seriedade, seu perfil combativo e íntegro e sua absoluta independência - é mais que evidente que falo do ex-vereador Claudio Ramos - apresentou um projeto amplo e ambicioso, embora totalmente factível e bem alicerçado por estudos sérios, previsão de origem dos recursos e prazos para sua plena consecução, para Maricá atingir 100% de  coleta e tratamento sanitário do esgoto domiciliar e águas servidas, bem como a universalização da distribuição de água no município em um prazo de quatro a cinco anos a partir da criação da Empresa Municipal de Água e Esgoto e da privatização dos serviços sanitários. Isso faria de Maricá uma das raras cidades brasileiras com essa marca, número que mal alcança os dedos de uma só mão em um país onde apenas 46% dos municípios têm algum índice diferente de zero nesse quesito, o que explica a tragédia da saúde pública que ceifa as camadas menos favorecidas.
 
Apenas o fisiologismo e o ranço político que permeia aquela casa de leis assemelhada aos piores bordéis pode explicar o automático engavetamento da proposta; "difícil apresentar um projeto de lei desta ordem...pela autoria..." disse candidamente o representante da ave etílica. Seria até cômico, não fosse trágico perceber tanta miopia, tanta má-fé, tanto desvario administrativo.
 
Invasão de áreas nobres pelo comércio irregular - a eterna vocação para a birosca e para a camelotagem que nada mais é que a venda de produto roubado, seja contrabando (roubo de fronteira), patente (falsificação) ou carga (genuíno sem comprovação de origem) - que além de não gerar divisas ainda  emporcalha a cidade. Crescimento do trânsito de drogados e mendigos pelas ruas e praças, coisa que não havia em Maricá. Profusão de inúteis de uma Guarda Municipal especializada em conversas ao celular e inépcia por absoluta falta de treinamento e/ou supervisão e metas claras. Poderíamos seguir enumerando mazelas nessa linda e maltratada Maricá, tantos e por tão longo tempo se sucedem os equívocos.
 
Daí meu lamento. Daí minha certeza de que podia e devia estar muito melhor, próximo do ótimo, sem muito esforço, mas faltam vontade e políticos mais que vontade política como se costuma dizer nas conversas; vontade genuína para abraçar o caminho honrado e demonstrar amor pelo chão em que vive e políticos de estirpe, homens de bem cuja atitude reflita os anseios daqueles a quem representam. Mais ainda, falta visão, falta grandeza, falta alma...
 
Quem sabe as urnas possam soprar os ventos da mudança e nos colocar no rumo certo? Afinal, Maricá pode não ter tantas décadas mais para perder antes de se tornar inviável sua cura...